domingo, 27 de novembro de 2011

O papel de parede, uma chinesice que nesta década parece estar de voltar com força às paredes das nossas casas.

A história do papel de parede é admirável, tem tanto de anónima como de célebre, cruza-se e mistura-se com tantas outras, e tantas vezes, sem que alguma vez tenhamos dado por ou pensado nisso, e isto é ainda mais admirável principalmente se tivermos em conta que somos capazes de passar o dia inteiro perto dele. É aí que parece estar toda a razão da existência do papel de parede, estamos perto dele, mas nunca com ele, ignoramos a presença, e nada de contemplações ou interrogações, porque o olhar é indiferente. O papel de parede limita-se a estar nas casas, onde supostamente é a aparente visibilidade que faz com que umas coisas sejam mais importantes do que outras. Assim, a importância do papel de parede é, digamos, absurda, porque compramos, cobrimos as paredes todas e depois esquecemos. O melhor é percebermos que afinal as paredes também podem falar. Primeiro em chinês, duzentos anos antes de Cristo, quando os chineses começaram a usar papel de arroz para forrar as paredes, no início branco e sem qualquer tipo de decoração, pouco depois ganhou cor e recebeu motivos. Acabou por chegar à Europa mais tarde, mas muito mais tarde, por volta do século VIII e pelas mãos de comerciantes árabes, as mesmas que arrancaram de um prisioneiro chinês todas as explicações: como se fazia, aplicava e decorava. Do lado de cá, os franceses e os ingleses receberam-no com alguma estranheza, mas acabaram por gostar, tanto que começaram a produzir os seus próprios papéis de parede, ainda que se limitassem a desenhar variações sobre os motivos chineses. Daí a expressão chinoisserie, ou seja, chinesice, que os franceses utilizavam para designar esse estilo de papel em particular, mas que agora é usada para qualquer papel de parede que tenha um ar vagamente oriental. Seja ele inspirado em motivos indianos, japoneses ou chineses.
O papel de parede mostrou-se lucrativo e as casas francesas foram as primeiras a unirem-se para poderem produzir mais e melhor. O primeiro investimento foi em novos desenhadores, apesar disso só com a chegada de artistas renascentistas italianos a França, em meados de 1500 e a convite de Francisco I, é que surgiriam padrões totalmente europeus, e com eles uma ideia espantosa: papéis com varandas ou janelas abertas para jardins e lagos. Enganava-se quem queria, e quem tinha dinheiro para isso. Apesar de tudo, existiam ainda vários problemas por resolver: as folhas continuavam a ser demasiado pequenas, a qualidade da reprodução mediana e um ritmo de produção muito lento. Tudo resolvido, num golpe mais perspicaz mais do que genial, pelo gravador Jean Papillon em 1675, ao aplicar no processo de fabrico o mesmo princípio utilizado na gravura, a passagem dos desenhos para blocos de madeira. O que viria a possibilitar, também, o uso da cor sem restrições técnicas e abrir o caminho para a mecanização. Coloridos e nada caros os papéis de parede passaram a ser a escolha certa para qualquer bolsa, e a moda, essa, popularizou-se definitivamente no século XVIII. Século em que se seguia de perto o bom gosto das casas reais, principalmente as francesas, onde foram vários os reis que menos pouparam em papel de parede e mais modas ditaram, abandonando de vez a chinoisserie e decretando os papéis com motivos românticos, ou clássicos.
Os Países-Baixos e a Inglaterra estavam atentos àquilo que se estava a passar nas paredes francesas, e os ingleses, principalmente londrinos, tentaram o primeiro lugar na corrida às lojas. O Chippendale, inspirado no rococó, e recebendo o nome do desenhador de móveis Thomas Chippendale, passou a ser o papel mais vendido e procurado de Londres. O Chippendale foi motivo de inúmeras variações, nenhuma delas muito bem sucedida, de resto, e até ao final de 1700, os ingleses continuavam a ter um fraquinho pelos papéis com frisos e ornatos em mármore, de preferência pintados à mão pelos pintores-fingidores. Isso mudaria em 1814 com a importação da máquina de impressão a vapor inventada pelo alemão Konig, que não só fez com que o Times saísse mais cedo, mas também conseguiu que o processo de fabrico do papel de parede sofresse melhoramentos, trazendo consigo inovações. Entre elas o flock, um papel de parede que não pode ser feito sem a ajuda da máquina de Konig e de uma outra que espalha com precisão fibras de algodão e seda sobre a tinta ainda fresca, donde resultam, pela transparência e sobreposição, motivos com relevo.
A progressiva industrialização dos meios de produção acabou por levar a uma quebra na qualidade artística, sendo neste contexto que surge o movimento Arts & Crafts, com um muito activo William Morris disposto a recuperar a figura do artífice-desenhador. A Red House era o exemplo perfeito daquilo que Morris pretendia demonstrar, por isso nada melhor do que desenhar papéis de parede para a nova casa, todos duma simplicidade e beleza espantosa. A mistura entre padrões e suportes levaria a industria, a mesma que Morris tanto combatia, a lançar no mercado o papel para crianças e o lavável. Pequenos deslizes que no entanto não impediram a descida do nível artístico inglês, com firmas inglesas como a Jeffrey and Company ou a Shand Kydd a contratarem pintores e arquitectos, ganhando notoriedade e clientes. A Arte Nova, mesmo na virada para o séc. XX, adaptou-se, planeava tendo em conta a produção industrial, e sem deixar de dar uma certa continuidade às ideias de Morris, reafirma o conceito de casa unidade através da atenção a dar à decoração dos interiores. Renascem os motivos florais, aos quais se juntou a chinoisserie, agora sim, inspirada também em motivos japoneses e indianos. É por esta altura que surgem os primeiros decoradores profissionais.
No início os americanos importavam papéis de Inglaterra e França, mas a chegada das máquinas de impressão fez com que Boston, Nova Iorque e Filadélfia, donde saíram os primeiros rolos em 1739, fossem os grandes centros de produção do país. Como é óbvio os americanos copiavam as tendências europeias, e só por volta de 1790 surgiram os primeiros estilos americanos, ainda que não passassem de variações menores sobre o estilo vitoriano. O mais bem sucedido desses estilos foi o Federal, que não era apenas um exclusivo dos papéis de parede, mas fazia parte duma linha de móveis e objectos de decoração desenhados e fabricados por Duncan Phyfe, numa homenagem ao recém formado governo federal do Estados Unidos. Este exacerbado sentimento patriótico dos americanos levou-os a produzirem vários papéis comemorativos, muitas vezes utilizados para decorar tambores durante as comemorações. Os anos 20 trariam para os americanos uma verdadeira mudança no gosto, enquanto Louis Tiffany dava a conhecer a Arte Nova, os decoradores Wharton e Codman batiam-se pela simplicidade aconselhando que a usar, os papéis de parede deveriam ter tons suaves, motivos geométricos discretos, tudo para que o chintze utilizado nas cadeiras e nos cortinados funcionasse sem ferir o bom gosto.
A ideia de Wharton e Codman não resultou, o mau gosto inato dos americanos e a visão glamorosa de Elsie de Wolfe (a rainha americana do chintze) ditariam outra regra: os motivos floridos e de cores alegres do chintze deveriam ser aplicados em todo o lado: papéis de parede e tecto, cortinados, cadeiras e toalhas. Regra mais do que explícita para o aparecimento de estilos aberrantes, como o lamentável Chippendale Chinês, um papel com árvores de cores planas e intensas sobre detalhes de paisagens chinesas. Toda esta euforia de cores e motivos acabaria nas décadas de 30 e 40, com o esforço de guerra a traduzir-se no desvio de tintas e vernizes para actividades mais urgentes.
Os anos 50 americanos foram tão positivos que deram origem aos papéis-vinheta, próprios para o quarto dos baby boomers, onde eram reproduzidos ursinhos de peluche, comboios, fadas, ilhas fantásticas e cenas de cowboys. A indústria não parou, até 1964 nasceriam 76 milhões de miúdos.
Os anos 60 encheram-se de amor, ninguém se admira do flock voltar às paredes, mesmo que desta vez venha com fundo dourado. Excepto isso, o que marca a década é o uso sistemático de figuras geométricas preenchidas com cores quentes, das quais resultam padrões visualmente intensos, com figuras impossíveis e jogos de profundidade. Os anos 70 continuam e acentuam essa tendência, Zoom 549 e Club Inferno são dois papéis absolutamente espantosos, o mesmo se pode dizer dos novos motivos florais, quase psicadélicos como o Savina de Manuel Canovas, ou o Jungle, com um toque africano. Os anos 80, alegres e românticos, como o som dos Wham ou dos Spandau Ballet, recuperam a alegria das cores ou dos motivos florais clássicos, muitos deles utilizados no chintze, que mais uma vez está na moda. Nesta altura Paul Dumas é um dos desenhadores que mais se destaca em França, ecléctico tanto recria o séc. XVIII como aposta na simplicidade geométrica. A classe média acompanha o fulgor económico, quer-se bem, compra a colecções da Inaltéra, Crown e Essef, e tenta recriar South Fork num duplex ou numa vivenda da periferia. No início da década de 90 o papel de parede passa a ser olhado como uma maldição, além do mau gosto que representa, é caro, suja-se e estraga-se facilmente, muitas lojas e fabricantes fecham portas e compram-se rolos extra por isso. Alguns resistem, apoiando-se no mercado americano, inglês e francês. Uns anos depois, o papel volta às revistas, novas colecções são lançadas e o mercado começa a responder, talvez porque as paredes brancas são impessoais, não têm nada para dizer. Como a década que passou.
Texto publicado na revista Ícone, Março de 2001.
(Com algumas modificações e adaptações)
   
Minha opnião sobre o assunto

Acho que hoje sem dúvida nenhuma o mercado de papel de parede vem ganhado força, haja visto que venho apostando nessa atividade de colocador de papel de parede. Ainda há uma falta de tradição em usar desse artifício de decoração aqui no Brasil, mas isso vem mudando, um exemplo disso é que podemos contar com produtos de qualidade e beleza sendo fabricados em território nacional e uma demanda cada vez mais crescente desse tipo de serviço.
Rafael Henrique G. Natividade, Novembro de 2011.
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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Novos trabalhos

Tema: Quartinho Infantil



















Faixa decorativa tema: Rally



Faixa adesiva com papel de parede lilas




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domingo, 13 de novembro de 2011

Alguns de nossos trabalhos mais recentes.

Tema: Quartinho Infantil

Faixa decorativa tema: Safari


Faixa decorativa tema: Bonecas



Quartinho papel meia parede rosa com flores
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Condições da parede

No que diz respeito às condições da parede onde o papel será aplicado algumas exigências são feitas para que o resultado final seja o mais satisfatório possível. São elas:
A parede deve estar limpa e seca, livre de sujeira, pó ou gordura, de preferência com massa corrida ou látex.
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